sexta-feira, 3 de julho de 2009

NÃO DÁ PARA NÃO COMENTAR...

Michael já era – como ele mesmo dizia – um veterano dos palcos, quando se tornou adolescente. Sua carreira acabou após o sucesso estético e de público de Thriller, aos incríveis 24 anos. Ele representa a infantilização da cultura ou a extinção da cultura pela infantilização. O que mais me fascina nele são seus conflitos, que não ocultou de ninguém.
Era um homossexual visivelmente assumido, mas, que desejava ter filhos. Encarnou a tentativa de superação da “feiúra” negra, tornando-se um monstro branco. Era fisicamente frágil, embora tivesse performance leonina nos palcos. Não foi atraente, como Jagger em seus anos de juventude, mas “sexy”. Não quis, como qualquer um, envelhecer. Fez caridade e não política (ou seja, política de direita). Foi infeliz. Morreu infeliz.
Jackson respondeu a alguns duros processos judiciais, com altivez. Fez fortuna, faliu. Vendeu 750 milhões de álbuns, aliás, sozinho deve ter vendido mais CDs do que a soma de todas as vendas da indústria musical brasileira em todos os tempos. Morreu como qualquer um, de um reles infarto do miocárdio, por overdose de si mesmo, no entanto, a indústria, vai, uma vez mais, usá-lo, para fabricar a maior morte do mundo. Não terá paz nunca.
O que se pode dizer dele? Genial? Certamente.
Eu o vi, junto com meu filho, então com 8 anos no Morumbi – São Paulo, em 1993. Surgia de um buraco feito no palco como se fosse um boneco inflado e parado ficava. O público ria de nervoso porque o impacto da subida era forte demais para um ser humano. Pois é! Forte demais para um ser humano. E por um minuto e meio ele não se mexia depois de “subido”, lá plantado.
De repente, ao leve som de um instrumento, move-se um braço. O povo delira, vai abaixo.
Bem, o resto é história.
Uma bela, triste história, como poucos, poucos verdadeiros ídolos mágicos do nosso imaginário podem provocar. Não importa a causa da morte, na verdade. Importa, sim, que morreu um poeta excêntrico, um menino do Jackson 5 que morria de medo do seu próprio império e que queria que o tempo parasse! E fazer o tempo parar é uma equação impossível, assim como é impossível achar a fonte da eternidade, assim como é impossível se superar como Michael Jackson se superou virando monstros, bichos, virando um thriller ele mesmo. E ao virar isso tudo, ele acabou por dar a volta no Universo. Esse Universo tão grande e tão escuro em que ontem, uma estrela, Michael Jackson, se apagou, deixando legiões de planetas, satélites, asteróides, enfim, uma galáxia inteira totalmente desolada.
A falta de parâmetros entre vaidade e vileza empurrou um gênio dentro da louca espiral da autodestruição. Ele virou um rei, branco, cabelo liso, riquíssimo, com um sítio inimaginável e conquistou sua própria ruína.
Isso é uma lição pra todos nós, que nos preocupamos com a aparência, com os bens materiais, sem vermos que somos levados pela correnteza da mídia, do comércio, dos poderes.

4 comentários:

Anônimo disse...

A questão é se vamos sentir falta do antigo ou do recente Michael Jackson.

Adilson disse...

Vamos sentir falta sim do seu talento e iventividade, independente da cor e idade de Michael, o cara era genial em qualquer época.

Cacau disse...

Eu também era fã do Michael! Não daquele que parecia se esconder-se de si mesmo, mas daquele artista genial que "andava na lua".
Pelo menos agora ele deve ter o que nunca pôde: Sossego.

Anônimo disse...

O cara era foda!